Corpo em movimento,
obra em processo

No erriá, planejar o espaço não se limita a proporções e cronogramas: é encontrar o espaço em transição - observar como a matéria se organiza, como a luz atravessa o vazio e como o detalhe anuncia a vida que virá. Assim como o acompanhamento de uma obra, se permitir experimentar novas espacialidades, seja em uma feira de design, em museus, ou em exposições, tornam-se um modo de pensar arquitetura para além do projeto.


Nesta edição, intercalamos nosso acompanhamento à obra com uma sequência de viagens e imersões criativas.

Em feiras como a Maison & Objet, em Paris, nos inspiramos em referências de design e decoração que se traduziram, ao longo deste ano, em soluções projetuais tangíveis. São experiências espaciais que provocam novas leituras de escala, luz e matéria, percepções que, de forma quase invisível, retornam ao erriá e se convertem em escolhas de projeto.

Em janeiro, retomamos em São Paulo a Residência Pedroso, inicialmente de maneira remota, revisitando um projeto que havia sido concluído em 2024, mas que ainda guardava um quarto em espera, reservado para o futuro bebê do casal. 

Mais do que finalizar um cômodo, tratava-se de criar ambiência para um novo capítulo da casa, traduzindo em forma e textura a delicadeza desse início: papel de parede, cortinas, luminária, tapete; escolhas que expandem o projeto anterior, mantendo a coerência do conjunto e acolhendo um novo modo de morar.

Em setembro, finalizamos o projeto em uma visita presencial não apenas técnica, mas afetiva, para reencontrar um espaço que cresceu junto com a família e que agora se tornou o cenário do que antes era sonho.

Já a reforma da Residência Carraro, em março, dava seus primeiros passos, com paredes limpas e cheias de expectativa. Até outubro, o espaço se transformou: piso assentado, serralheria concluída, bancadas em mármore instaladas. O segundo semestre marcou a transição da saída das equipes civis e a chegada da marcenaria e dos acabamentos, momento em que o detalhe se torna tangível.

Cada encaixe na materialidade do espaço reflete referências que ultrapassam o canteiro: memórias de viagem, gestos cotidianos, repertórios culturais que se traduzem em textura e proporção.

Entre uma visita (a obra) e outra, o olhar continua a se expandir. Uma pausa que ecoa o desejo do erriá por presença e permanência — a produção em suspensão como gesto criativo. 

Em Paris, a instalação clinamen, de Céleste Boursier-Mougenot, na Bourse de Commerce, transformava o som em matéria: porcelanas flutuando sobre a água e colidindo suavemente, preenchendo o vazio com música. Meses mais tarde, a exposição Vertigo, na Fondation Carmignac, em Porquerolles, dissolvia os limites entre arquitetura e natureza, reiterando como a espacialidade pode ao mesmo tempo conter e libertar — sendo este o equilíbrio que buscamos em cada projeto.

Em junho, cruzamos o Atlântico para registrar a Residência Midtown, em Nova York, um projeto concebido de forma remota e agora reencontrado no espaço construído.

A arquiteta viajou pessoalmente para acompanhar o photoshoot e conduzir o registro com o apoio técnico necessário, sob direção de seu fotógrafo. O ensaio marcou um novo olhar sobre o projeto — não o primeiro, mas aquele que o traduz em imagem. A luz, as texturas e os reflexos da cidade revelam agora o caráter maduro do espaço, em sua convivência com o tempo.

Ainda em Nova York, no Whitney Museum, Christine Sun Kim tratava da escuta como gesto visual — uma exposição que lembrava que compreender também é um ato de observar, reiterando a nossa busca por uma escuta atenta. Essa ideia atravessa o trabalho do estúdio: escutar cada pessoa e cada intenção nos primeiros diálogos de um projeto, para que as escolhas futuras revelem o que já está latente - a identidade, o ritmo e a presença de quem vai habitar o espaço.

No Museum of Arts and Design (Nova York), a exposição de Jonathan Adler deixou duas marcas fortes: sua resiliência em seguir sua materialidade em meio a caminhos pouco trilhados, até que seu trabalho ressoe com o espaço que o contém; e sua habilidade em enxergar espacialidade sob uma materialidade diversa. Um olhar atento e livre que encontra matéria e sentido nas pequenas coisas que compõem o cotidiano. 

No mesmo período, acompanhamos a dupla de projetos do mesmo cliente: Residência Coelho e Showroom Leon Ades. O primeiro, um galpão adaptado, foi projetado de forma  funcional e flexível, um espaço que pode ser tanto residência quanto galeria, onde o mobiliário define o uso e o tempo dita a ocupação.

O segundo esteve, nos últimos meses, em ajustes finos — iluminação, mobiliário e detalhes de fachada — e agora se prepara para a vernissage marcada para novembro.

E então chegamos a setembro com a Residência Clodomiro, onde os fluxos da obra se intensificaram. Do estágio inicial da construção, ainda com estruturas aparentes e superfícies brutas, avançamos para a finalização do apartamento: piso em pedra definindo a paginação, marmoraria e serralheria marcando percursos, luminotécnico desenhando atmosferas. Ali, cada detalhe fala do corpo — da estante metálica que organiza fluxos à campainha desenhada sob medida. Tudo pronto para o instante em que o espaço deixa de ser obra e se torna lar.

Do primeiro papel de parede escolhido à última exposição visitada, o trimestre foi sobre acompanhar: processos, percursos e silêncios. É nesse movimento entre o fazer e o observar que o erriá se mantém — um corpo em constante presença, entre o concreto e o instante.

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