Onde começa o corpo,
onde começa a casa?
Talvez o traço mais íntimo de um projeto esteja naquilo que ele abriga sem anunciar: o tempo da pausa, o gesto pequeno, o vai e vem entre cômodos, a distância exata entre o toque e o apoio. Quando pensamos no espaço como extensão do corpo, não buscamos apenas ergonomia como resposta, mas presença como premissa.
Projetar é, também, traduzir o invisível. É transformar o gesto cotidiano em permanência e permitir que o espaço, em sua materialidade silenciosa, seja continuação do corpo, e não seu limite.
É nesse encontro que surgem escolhas tangíveis, onde o volume traduz o gesto. No projeto Clodomiro, a estante metálica foi pensada não apenas como mobiliário, mas como um elemento de organização e mediação: ela marca o eixo entre sala e cozinha, direciona o fluxo entre serviço e entretenimento. Ao mesmo tempo, guarda, expõe e delimita rituais do cotidiano. Os móveis, nesse sentido, deixam de ser peças isoladas e passam a compor a coreografia da casa.
Setembro, 2025
Equipe Erriá